Arquivo de 5 de Outubro, 2007

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Chineses

Eh pá, eu bem sei que fazer compras nos chineses é um crime de lesa-pátria e isso tudo. Até vendo isso de barato. Mas a chave está precisamente em que eles vendem mais barato… e eu sou bolseira e como tal, comprar barato é uma coisa que aprecio muito. Permite uma certa ilusão de poder de compra.

Fomos hoje aos chineses, para os lados de Mindelo.  Havia ali um grande aglomerado de armazéns, que foram na sua esmagadora maioria comprados por revendedores chineses. Infelizmente, grande parte deles só vendem mesmo para revenda, em grandes lotes. Se tivesse muitas amigas a vestir o meu número ainda podia pensar no lote… mas não tenho. Ainda assim, naquela cidade paralela – e há muito que se pode descrever naquele lugar – há pequenas e belas ilhas onde se compram pechinchas inacreditáveis, sem ser em lote. Fui às carteiras. Não, não roubei carteiras a ninguém: comprei-as, baratas. Três belas carteiras pelo preço de uma mais-ou-menos. E pelo caminho algumas prenditas. E vim satisfeita para casa.

Comentámos que aquele deve ser o lugar, no nosso país, com maior densidade de Mercedes por metro quadrado. Ele há mercedes para todos os gostos, do descapotável ao furgão. Há apenas dois sítios onde se pode comer, mas desconfio que não se deve; nunca arriquei. Trata-se de uma roulotte e um café, cujo nome inclui caracois mas não os serve e aparenta acobertar actividades estranhas.

A maioria das ruas são sujas e feias, ainda que as mais movimentadas sejam até bastante apresentáveis. Dentro das lojas, muitos ciganos a tentar fazer negócio, algumas pessoas que só querem um exemplar de cada coisa e muitos comerciantes. Há lojas especializadas e generalistas. Há uma variedade enorme de gentes e de mercadorias. E são mesmo vendidas e compradas e revendidas. Naquele lugar movimenta-se certamente muito dinheiro. As ruas são numeradas e alguns armazéns também. Os produtos até podem não ter sido fabricados em Portugal, mas são vendidos e revendidos cá. As lojas passam uns recibos cheios de caracteres chineses, que duvido que sejam válidos… mas grande parte do que vendem (ficariam surpreendidos ao reconhecer tanta mercadoria revendida em lojas «bem») para lojas irá com certeza enriquecer o Estado.  Há um ambiente vagamente ameaçador, mas não passa disso mesmo. É um lugar aparentemente tranquilo. Questiono-me até que ponto será assim tão lesivo para a economia fazer compras ali. Para o meu orçamento, apresenta enormes vantagens… grande variedade de acessórios! Para o país… confesso que tenho dúvidas, mas parece-me francamente que todos estes imigrantes vêm alimentar o comércio e isso só pode ser bom para a economia. Só ao que pagam de imposto automóvel por todos aqueles mercedes… E se o país já está de tanga, os Portugueses estariam mais literalmente de tanga se não fossem as pechinchas!




Poeira e letras

Ora, o que eu pretendo, com esta edição renovada do poeira e letras, é continuar a partilhar as minhas reflexões e histórias do quotidiano, descobertas de músicas, sites com interesse ou simplesmente piada e recursos que podem interessar a quem, como eu, anda dedicado à educação. Neste espaço coexistem o pessoal e o público em doses q.b.
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