Depois de tanto, tanto tempo, um sábado com sabor de sábado. Já não me lembrava de passar um fim de semana em casa, sem aulas nem idas a casa de pais e/ou sogros. Sabe bem!
Não que esteja para aqui ociosa a aproveitar o dia… Ontem dei a última aula do ano e venci o prazo que tinha estabelecido para mim própria para deixar de procrastinar… e pegar mesmo no meu doutoramento, que não vai aparecer feito por milagre, por mais que eu enterre a cabeça na areia.
Mas mesmo assim, é bom estar em casa.
Arquivo de Abril, 2009
Sábado
Quarter life crisis
Já é sobremaneira conhecida a noção de mid-life crisis. a crise de meia idade lá pelos 40 e ou 50 e, que se expressa na procura da juventude perdida e porventura insuficientemente aproveitada.
Sempre achei que caminhava a passos largos e seguros para uma dessas.
Porque odeio fazer anos, odeio envelhecer, acho que os melhores anos da minha vida, aqueles em que me diverti mais, já passaram. Porque desde os 20 anos que o mês de Abril é um drama…
Mas a verdade é que tenho vindo a provar que a minha auto-profecia está errada. Não, não juro que lá pelos 50 não faça um monte de plásticas e vista vestidos excessivamente curtos acompanhados de demasiada maquilhagem. Isso permanece uma possibilidade – um tanto assustadora…
Mas, ao ouvir falar do mais recente conceito de quarter-life crisis, descubro que, embora reúna algumas (muitas) das suas condições, não me encontro a atravessar nada do género. O que me parece que é um bom indicador para a minha versão cinquentona.
Fiz, há uns dias, 28 anos. Foi um dia que me apeteceu que terminasse depressa. Não planeei festas. Soprei umas velas à pressa e a contra-gosto, como sempre. Sem emoção de monta… isso mesmo, nem sequer negativa.
Estou, como é suposto por quem padece desta «maleita» a fazer um doutoramento. Mas não como forma de adiar uma entrada no mundo do trabalho e da responsabilidade. Estou a fazer um doutoramento por uma escolha vocacional consciente, e também, em parte, porque o mundo do trabalho não me apresentou nenhuma alternativa mais apelativa. E estou morta por entrar a sério no mundo do trabalho (académico, no caso), e deixar de ser estudante, bolseira, sem IRS nem direito a subsídio de desemprego e sem estabilidade que me permita por os pés a caminho para tornar reais os planos que se fazem sempre (mesmo que sejam irrealistas).
Estou na janela etária «de risco» e no grupo socio-economico e cultural «de risco». Não sou casada nem tenho filhos. Mas estou muito bem como estou, comprometida da silva e não a fugir das responsabilidades.
Não tenho falta de planos, responsabilidades nem compromissos. Parece-me, até, que tenho planos demais. Mas enfim… estou mais velha, e não estou em crise. Nem sequer a de quarto de vida.
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