A primeira, ou vá lá, segunda coisa que me dizem é: não estás preta. Pois, eu sei. Eu nunca fico preta. Mas consegui a grandes penas trocar o habitual tom cor-de-rosa-porquinho por um mais saudável alarajado-dourado, que é o melhor que se arranja. Até ficou um alaranjado relativamente escuro! Mas dizem-me de caras que estou branca. Pois, eu sei que sou branca. Mas foi exactamente por aqui que começamos. Resquicios dos meus tempos de loura que não me largam. A melanina teima em não se me colar à pele, mesmo que os químicos me escureçam o cabelo…
Nos últimos anos, mais uma vez, a duras penas… consegui entrar em relativa paz com a minha cor de pele. É clara, pois é. Mas tem direito à vida como as outras cores todas. E até não é feia de todo. Mas quando me dou ao trabalho de passar horas e dias (dias e dias, porque de manhã dorme-se e antes das 17 é suicídio para alguém como eu apanhar sol, nem que seja com factor 50) ao sol, ao vento, ao sal… a cuidar de forma quase obsessiva do meu cabelo para que não retorne à sua cor habitual veranzeira de um loiro relativamente claro e seco, tudo isto para alaranjar e dourar um bocadinho, o menos que se espera é a delicadeza de não se referir o facto, ou pelo menos, como também já ouvi, não estás morena, mas estás com uma cor bonita… E há as habituais perguntas: – este ano não foste à praia? – Sim, 3 semanas no algarve… – Cara de estupefacção.
É triste… Tenho que fundar um grupo de auto-ajuda para os melanino-privados. Começaria assim: Olá, eu chamo-me *** e não bronzeio mais que isto. – Coro: «Olá ****».
E por hoje é tudo.
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